Publicado em: 30/01/2014
Paisagismo amplia a segurança
Paisagismo em loteamentos ampliam segurança e bem-estar
Os loteamentos estão passando por um momento de grande evidência no Estado de São Paulo. Segundo o relatório do Graprohab (Grupo de Análise e Aprovação de Projetos Habitacionais do Estado de São Paulo), somente de janeiro a abril de 2013, foram protocolados 235 projetos no órgão, sendo que 199 eram de loteamentos. Se comparado ao mesmo período de 2012, houve um aumento de 18%.
Esses projetos concentram-se, de forma geral, nos municípios vizinhos à capital paulista e no interior do Estado, com destaque para cidades como Araraquara, São José do Rio Preto, Presidente Prudente, Bauru e Campinas.
Para Mariangela Iamondi Machado, diretora de Associações em Loteamentos Fechados da vice-presidência de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP, são três os fatores que explicam a grande demanda pelo segmento: boa relação custo benefício, segurança e qualidade de vida. “O preço de terrenos e de imóveis fora da Capital e da Região Metropolitana de São Paulo tem sido bastante convidativo. Antes, o maior impeditivo era a distância e o tempo de viagem, mas hoje o tempo para chegar a Capital é praticamente o mesmo tempo de se fazer um deslocamento entre bairros na mesma cidade”. Além disso, a maioria das cidades do interior contam com uma boa infraestrutura urbana e de mobilidade, o que vem a atrair pessoas de todas as faixas etárias.
Mas, para que se tenha, efetivamente, essa tão desejada qualidade de vida, um fator é primordial: um bom projeto paisagístico. “Não adianta ter infraestrutura de segurança, se não tiver áreas verdes, belezas e espaços de lazer. Se não houver cuidado com paisagismo, o loteamento se torna uma ilha insegura, dando margem ao vandalismo”, ressalta a diretora.
Segundo o arquiteto Benedito Abbud, presidente da Benedito Abbud Arquitetura Paisagística, com o grande crescimento e estresse das cidades modernas, o paisagismo tem um papel fundamental para o bem-estar de seus moradores. “Os municípios estão ficando cada vez mais agressivos com relação a barulhos, carros e correria. Enquanto isso, o paisagismo transforma o loteamento em um oásis, não somente visual, mas de sensações. A área fica menos poluída, menos barulhenta e com opções de lazer, sem necessitar de deslocamento.”
Segundo Abbud, para atender às legislações, todos os loteamentos já devem ter, em seu projeto, uma área reservada para o sistema viário, áreas verdes e áreas institucionais, destinadas à cidade. Por isso, cabe apenas saber como aproveitar esse espaço para implantar um bom projeto.
Para isso, Mariangela explica que o essencial na busca pela valorização patrimonial e satisfação pessoal em um empreendimento imobiliário, especialmente em loteamentos, é contar com empresas especializadas e preparadas para cuidar não somente do paisagismo, mas do meio ambiente como um todo (flora, fauna, solo e ar). Dessa forma, evita-se o desperdício com plantas, arborização e ornamentos que não duram, ou que sejam utilizados em terrenos incorretos ou de forma inapropriada. Outros pontos de importância a considerar são os plantios e reflorestamentos, planos de Manejo Ambiental, criação de espaços contemplativos e de educação ambiental (manutenção de viveiros de mudas, hortas comunitárias, trilhas ecológicas, etc). Tudo isso vem a valorizar o empreendimento e acabam por levar a comunidade a prática da responsabilidade social e ambiental. “É importante que a implantação desses projetos sejam feitos sempre em etapas e de forma contínua, para que se possa fazer um trabalho gradativo e com evolução, sem que isso venha a representar gastos excessivos que possam inviabilizar ou abandonar a sua execução."
Abbud reforça, também, que a região em que está o loteamento tem grande interferência no tipo do projeto. “O ideal é usar espécies nativas. Além disso, dentro do estado de São Paulo, por exemplo, há cidades muito quentes e outras muito frias. Isso interfere diretamente no projeto. Por exemplo, onde é muito frio, é bom plantar árvores com folhas caducas, pois elas caem no inverno e permitem a passagem do sol.”
Também com relação ao tipo de plantas, o engenheiro agrônomo Rodolfo Geiser, fundador do Escritório Rodolfo Geiser Paisagismo e Meio Ambiente, afirma que deve haver uma diversificação considerando os parâmetros estéticos. “Normalmente, o paisagismo conta com árvores de diversos portes adultos, palmeiras, arbustos, gramados, forrações e canteiros de flores com finalidade ornamental, ou espécies decorativas, como a Pata de Elefante, Fórmios e Agaves.”
Geiser complementa, ainda, que outro fator importante a se considerar são os itens para a recreação dos moradores. “Deve-se pensar tanto na recreação passiva, com a mera apreciação da vegetação e dos ambientes, sentados em bancos ou em passeios leves, quanto na recreação ativa, como a prática de esportes”. Ele reforça, ainda, que essa infraestrutura de lazer deve contemplar todas as faixas etárias, de crianças a idosos.
Para finalizar, Mariangela destaca que todo bom projeto paisagístico e de meio ambiente deve considerar, também, a iluminação de todos esses espaços. “Além de dar mais vida às áreas verdes e de lazer, uma iluminação bem planejada torna o lugar mais seguro e evita ações de vandalismo”, conta.
Manutenção
Após elaboração e implementação do projeto, é preciso pensar na manutenção dessas áreas, para que estejam sempre bem cuidadas. “Isso pode ser feito de duas formas: por uma equipe própria com assessoria especializada ou por empresas terceirizadas”, diz a diretora Mariangela Iamondi Machado.
Para Benedito Abbud, o ideal é simplificar essa questão desde o início. “O que mais encarece os custos de um loteamento fechado é a folha de pagamento. Por isso, uma dica é não usar plantas que devem ser podadas frequentemente, exigindo um profissional para fazer esse serviço. Com plantas que não crescem muito, isso pode ser evitado”. Ou seja, um projeto bem planejado, além de valorizar o empreendimento, minimiza os custos com manutenção.